sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Variação da Linguagem

1 INTRODUÇÃO


Compreendemos que a linguagem é a faculdade que o homem tem para revelar seus estados mentais por meio da língua, um sistema acústico-orais, vocais, articulados, que funciona na intercomunicação de uma coletividade, resultado de um processo histórico evolutivo, tal como ocorre com as linguais históricas (idiomas) – o português, o francês, o espanhol, dentre outras. Toda língua histórica apresenta uma organização fônica, gramatical e léxica definida e distinta das demais, assim sendo, cada língua histórica é o seguimento da diversificação de uma língua anterior – no caso do português, a latina -, cuja estrutura foi modificada no tempo e no espaço. 

2 VARIAÇÃO DIATÓPICA


Numa língua histórica podemos identificar três tipos de diferenças internas: as diatópicas, as diastráticas e as diafásicas, que estabelecem subsistemas dotados de relativa homogeneidade interna, garantida pela soma dos traços linguísticos coincidentes e neles reconhecíveis. 
Cabe observar que na variação diatópica (diferença regional) pode compreender diferenças diastráticas (socioculturais) e diferenças diafásicas (de estilo); na variação diastrática pode conter diferenças diatópicas e diafásicas e na variação diafásica pode apresentar diferenças diatópicas e diastráticas. Portanto o usuário de uma mesma língua, nas de regiões diferentes, apresentam características linguísticas e expressivas diversificadas e, se pertencerem a uma mesma região, ainda assim não falarão obrigatoriamente da mesma forma, tendo em vista os diferentes estratos sociais de que participam e as circunstâncias diversas em que se trava a comunicação.
Variação que corresponde ao lugar é a variação diatópica. Essa palavra é formada pelos seguintes elementos:
“dia-“, prefixo grego que significa “através de, por meio de, por causa de”;
“topos”, radical grego que significa “lugar”;
“-ico”, sufixo grego, que forma adjetivos.
A variação linguística mais evidente é a que corresponde ao lugar em que o indivíduo nasceu ou no qual vive há bastante tempo (variação diatópica). Há maneiras de pronunciar as palavras, há melodias frasais diferentes de região para região. Uma variante que é perceptível é o “r” retroflexo do londrinense quando pronuncia palavras como “porta, carne, certo” e do piracicabano quando pronuncia as mesmas palavras do londrinense e também as que têm “r” entre as vogais: “cara, cera, tora”. Retroflexo significa “flexionado para trás”. Ocorre quando a palavra é pronunciada e a ponta da língua é flexionada para trás. Exemplo quando pronunciamos “car” em Inglês.
A diferença, porém, pode não ser de som, mas sim de vocabulário, ou seja, de palavras diferentes em sua estrutura, mas com mesmo significado. Exemplo, em Pernambuco a palavra “cheiro” representa um carinho feito em alguém; o que em outras regiões chamaria de “beijinho”. Macaxeira, no Norte e no Nordeste, é o aipim ou a mandioca nas demais regiões. Outros exemplos: abóbora=jerimum; canjica=mugunzá; mexerica=tangerina, laranja-cravo; pé-de-moleque=cocada, bolo de mandioca, piá=menino, mutá=escada; munta gente=muita gente, etc.
No Espirito Santo, no Maranhão e no Rio Grande do Sul, o individuo falaria o seguinte: “Tu já estudaste Química?”. Na maioria dos outros estados, o cidadão diria assim: “Você já estudou Química?”. No Nordeste a preferência pela preposição verbal de negação, como em “sei não” e “Não sei” (ou, “não sei , não”, no Sudeste); e o uso do artigo definido antes de nomes próprios como em “Falei com Joana” (nordeste) e “Falei com a Joana” (sudeste). Essa variação chamamos de variação diatópica sintática.
Compreende-se, então, porque os falantes de uma mesma língua, mas de regiões distintas, tenham características diversificadas e, se pertencem a uma mesma região também não falam da mesma maneira, tendo em vista os diferentes estratos sociais e as circunstâncias diversas da comunicação. Tudo isso deixa evidente a complexidade de um sistema linguístico e de toda a variação nele contida. Desse modo, chegar-se-á mais perto do conceito de dialeto, subsistema inserido nesse sistema abstrato que é a própria língua.


3 VARRIAÇÃO DIASTRÁTICA


A variação diastrática está relacionada à estratificação social, ou seja, com a identidade dos falantes e sua relação com organização sociocultural e econômica da comunidade, onde podemos destacar: a classe social, a situação ou contexto social, a faixa etária, o gênero. É uma variação bastante evidente na camada social que o individuo faz parte. O falar de um cidadão estar ligado ao nível socioeconômico e cultural. Quanto mais estudo tiver, mais trabalhadas serão suas frases. Quanto mais livros ler, mais cultura terá. Quanto mais exemplo tiver de seus pais e professores, mais facilmente se comunicará com os demais.
No Brasil, essa variação é fácil de ser identificada. Basta conversar com um humilde cidadão, com poucos anos de estudo, que perceberá uma linguagem diferente da habitual de outras classes sociais. Frases como “Naonde a gente podemos ponhar esse troço aqui?” ou como “ Houveram menos percas” essas frases não são ouvidas em um ambiente em que estejam professores, médicos, cientistas, advogados, etc. São frases comuns de quem não teve oportunidade para ascender a estratos sociais mais privilegiados.
Podemos perceber essa variação na idade do individuo, o uso de vocabulário particular, como presente em certas gírias (“maneiro”, “esperto”, com sentido de avaliação positiva sobre coisas, pessoas e situações) demonstra uma faixa etária jovem, “E ai veio, tudo em cima?”. Notamos também, no sexo do indivíduo, a utilização da duração das vogais como recurso expressivo, em “maravilhoso”, e o uso frequente de diminutivos, como “bonitinho”, que costuma ocorre na fala feminina.
A palavra “diastrática” é formada pelos seguintes elementos:
“dia-“, prefixo grego que significa “através de, por meio de, por causa de”;
“estrato”, radical latino que significa “camada”;
“-ico”, sufixo grego, que forma adjetivos.
Essa variação pode ser fonética, lexical e sintática, dependendo do que seja modificado pelo falar do individuo: falar “adevogado”, “pinel”, “bicicreta”, “vrido”, “praça”, é variação diastrática fonética. Usar “presunto” no lugar de “corpo de pessoa assassinada” é variação diastrática lexical. E falar “Houveram menos percas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação diastrática sintática.
Observa-se, que existem muitos fatores que podem produzir variações linguísticas, e estas acontecem naturalmente (com a mistura de todos os fatores) nas relações sociais de um indivíduo, que interage verbalmente de acordo com sua região de origem, classe social, faixa etária, escolaridade, gênero e segundo a situação que se encontra.


4 VARIAÇÃO DIATÓPICA E DIASTRÁTIACA NO DIA A DIA


No emprego podemos utilizar a variação diatópica, mas algumas vezes sempre tem alguém que não compreende algumas palavras ou te mesmo a melodia frasal. Um amigo Pernambucano contou-me, que trabalhou no Rio de Janeiro. Conta que quando chegou ao Rio teve um choque, diz que ficou observando a pronuncia das palavras, a melodia frasal, o sotaque. Enquanto observava estava tudo normal, mas quando se comunicava, ai era notória a variação diatópica fonética, principalmente quando pronuncia palavras com as silabas “ti” e “di”. No sudeste é perceptível às silabas “ti” e “di”, elas ficam com som de “tchi” e “dghi”, ou seja, com um chiado. Além disso, nomes de alguns alimentos eram diferentes como o jerimum (no nordeste), abobora (no sudeste); carne de charque (no nordeste), carne seca (no sudeste), etc.
Desse modo, não há problema na comunicação com variação diatópica no dia a dia no emprego, desde que haja um entendimento entre o enunciador e o enunciatário. O único esforço que terá, é a adaptação a “variação linguística”.
Já a variação diastrática que trata a variação na estratificação social, ou melhor, a diferença de linguagem que há nas camadas sociais. Essa variação pode atrapalhar no dia a dia no emprego. Imagine alguém confeccionando um memorando, um atestado, uma procuração, e não domina a escrita culta, ou escreve da maneira que fala, com gírias, com erros gramaticais, sem ter atenção a concordância, a coerência, a coesão, ou então diz, “chefe, fulano colocou a praca de vrido no quadro de aviso”. Ai está o problema em utilizar essa variação no emprego, o tipo de língua que será usado, se é formal, despreocupada ou vulgar.
 No dia a dia, entre amigos, no grupo social, entre colegas de trabalho, não há problemas, porque está sendo utilizada a língua falada, e nesse meio é mais flexível, desde que seja entendida a mensagem, podemos usar a língua despreocupada, informal, ou até mesmo, dependendo do grupo social a língua vulgar.



5 CONCLUSÃO                                                                                                                         


A língua como meio de integração social, requer a defesa de suas variações, sem ignorar a importância do domínio da norma linguística. Não se pode fechar os olhos à realidade linguística: a variação. As variações tem uma regularidade, não é um caos. A sociedade deve respeitar as variações linguísticas que o falante usa para interagir, mas também deve preocupar-se com a norma padrão, já que a maioria dos usuários não tem acesso a este tipo de linguagem.
Logo, não devemos ter a variação como uma linguagem errada e que deve ser extinta e discriminada do meio social e cultural. As variações linguísticas é uma atividade humana que nas representações de mundo que se constrói, revela aspectos históricos, sociais e culturais. É através dela que o ser humano organiza e dá forma às suas experiências.

 




REFERÊNCIAS


MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística: Domínios e Fronteiras. v.1.3ed. São Paulo: Ática, 2003.

FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística: I – Objetos Teóricos. 2ed. São Paulo:
Contexto, 2003.

LANCH, J. L. La sociolinguística y la dialectológía hispánica. In: –––. En torno a la sociolinguística. México, Instituto de Investigaciones Filológicas, 1978.

STRECKER, Heidi, Comunicação e Linguagem: Administração I – São Paulo: Person Prentice Hall, 2009.

SILVA NETO, S. Guia para estudos dialetológicos. Belém: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1957.

CUNHA, C. Uma política do idioma. Rio de Janeiro: São José, 1968.

BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Linguísticos. Ed. 16 Campinas, SP, Pontes Editores, 2008.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de Linguística e Gramática. 24. Ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 1996.



Variação da Linguagem

1 INTRODUÇÃO


Compreendemos que a linguagem é a faculdade que o homem tem para revelar seus estados mentais por meio da língua, um sistema acústico-orais, vocais, articulados, que funciona na intercomunicação de uma coletividade, resultado de um processo histórico evolutivo, tal como ocorre com as linguais históricas (idiomas) – o português, o francês, o espanhol, dentre outras. Toda língua histórica apresenta uma organização fônica, gramatical e léxica definida e distinta das demais, assim sendo, cada língua histórica é o seguimento da diversificação de uma língua anterior – no caso do português, a latina -, cuja estrutura foi modificada no tempo e no espaço.






















2 VARIAÇÃO DIATÓPICA


Numa língua histórica podemos identificar três tipos de diferenças internas: as diatópicas, as diastráticas e as diafásicas, que estabelecem subsistemas dotados de relativa homogeneidade interna, garantida pela soma dos traços linguísticos coincidentes e neles reconhecíveis. 
Cabe observar que na variação diatópica (diferença regional) pode compreender diferenças diastráticas (socioculturais) e diferenças diafásicas (de estilo); na variação diastrática pode conter diferenças diatópicas e diafásicas e na variação diafásica pode apresentar diferenças diatópicas e diastráticas. Portanto o usuário de uma mesma língua, nas de regiões diferentes, apresentam características linguísticas e expressivas diversificadas e, se pertencerem a uma mesma região, ainda assim não falarão obrigatoriamente da mesma forma, tendo em vista os diferentes estratos sociais de que participam e as circunstâncias diversas em que se trava a comunicação.
Variação que corresponde ao lugar é a variação diatópica. Essa palavra é formada pelos seguintes elementos:
“dia-“, prefixo grego que significa “através de, por meio de, por causa de”;
“topos”, radical grego que significa “lugar”;
“-ico”, sufixo grego, que forma adjetivos.
A variação linguística mais evidente é a que corresponde ao lugar em que o indivíduo nasceu ou no qual vive há bastante tempo (variação diatópica). Há maneiras de pronunciar as palavras, há melodias frasais diferentes de região para região. Uma variante que é perceptível é o “r” retroflexo do londrinense quando pronuncia palavras como “porta, carne, certo” e do piracicabano quando pronuncia as mesmas palavras do londrinense e também as que têm “r” entre as vogais: “cara, cera, tora”. Retroflexo significa “flexionado para trás”. Ocorre quando a palavra é pronunciada e a ponta da língua é flexionada para trás. Exemplo quando pronunciamos “car” em Inglês.
A diferença, porém, pode não ser de som, mas sim de vocabulário, ou seja, de palavras diferentes em sua estrutura, mas com mesmo significado. Exemplo, em Pernambuco a palavra “cheiro” representa um carinho feito em alguém; o que em outras regiões chamaria de “beijinho”. Macaxeira, no Norte e no Nordeste, é o aipim ou a mandioca nas demais regiões. Outros exemplos: abóbora=jerimum; canjica=mugunzá; mexerica=tangerina, laranja-cravo; pé-de-moleque=cocada, bolo de mandioca, piá=menino, mutá=escada; munta gente=muita gente, etc.
No Espirito Santo, no Maranhão e no Rio Grande do Sul, o individuo falaria o seguinte: “Tu já estudaste Química?”. Na maioria dos outros estados, o cidadão diria assim: “Você já estudou Química?”. No Nordeste a preferência pela preposição verbal de negação, como em “sei não” e “Não sei” (ou, “não sei , não”, no Sudeste); e o uso do artigo definido antes de nomes próprios como em “Falei com Joana” (nordeste) e “Falei com a Joana” (sudeste). Essa variação chamamos de variação diatópica sintática.
Compreende-se, então, porque os falantes de uma mesma língua, mas de regiões distintas, tenham características diversificadas e, se pertencem a uma mesma região também não falam da mesma maneira, tendo em vista os diferentes estratos sociais e as circunstâncias diversas da comunicação. Tudo isso deixa evidente a complexidade de um sistema linguístico e de toda a variação nele contida. Desse modo, chegar-se-á mais perto do conceito de dialeto, subsistema inserido nesse sistema abstrato que é a própria língua.


3 VARRIAÇÃO DIASTRÁTICA


A variação diastrática está relacionada à estratificação social, ou seja, com a identidade dos falantes e sua relação com organização sociocultural e econômica da comunidade, onde podemos destacar: a classe social, a situação ou contexto social, a faixa etária, o gênero. É uma variação bastante evidente na camada social que o individuo faz parte. O falar de um cidadão estar ligado ao nível socioeconômico e cultural. Quanto mais estudo tiver, mais trabalhadas serão suas frases. Quanto mais livros ler, mais cultura terá. Quanto mais exemplo tiver de seus pais e professores, mais facilmente se comunicará com os demais.
No Brasil, essa variação é fácil de ser identificada. Basta conversar com um humilde cidadão, com poucos anos de estudo, que perceberá uma linguagem diferente da habitual de outras classes sociais. Frases como “Naonde a gente podemos ponhar esse troço aqui?” ou como “ Houveram menos percas” essas frases não são ouvidas em um ambiente em que estejam professores, médicos, cientistas, advogados, etc. São frases comuns de quem não teve oportunidade para ascender a estratos sociais mais privilegiados.
Podemos perceber essa variação na idade do individuo, o uso de vocabulário particular, como presente em certas gírias (“maneiro”, “esperto”, com sentido de avaliação positiva sobre coisas, pessoas e situações) demonstra uma faixa etária jovem, “E ai veio, tudo em cima?”. Notamos também, no sexo do indivíduo, a utilização da duração das vogais como recurso expressivo, em “maravilhoso”, e o uso frequente de diminutivos, como “bonitinho”, que costuma ocorre na fala feminina.
A palavra “diastrática” é formada pelos seguintes elementos:
“dia-“, prefixo grego que significa “através de, por meio de, por causa de”;
“estrato”, radical latino que significa “camada”;
“-ico”, sufixo grego, que forma adjetivos.
Essa variação pode ser fonética, lexical e sintática, dependendo do que seja modificado pelo falar do individuo: falar “adevogado”, “pinel”, “bicicreta”, “vrido”, “praça”, é variação diastrática fonética. Usar “presunto” no lugar de “corpo de pessoa assassinada” é variação diastrática lexical. E falar “Houveram menos percas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação diastrática sintática.
Observa-se, que existem muitos fatores que podem produzir variações linguísticas, e estas acontecem naturalmente (com a mistura de todos os fatores) nas relações sociais de um indivíduo, que interage verbalmente de acordo com sua região de origem, classe social, faixa etária, escolaridade, gênero e segundo a situação que se encontra.


4 VARIAÇÃO DIATÓPICA E DIASTRÁTIACA NO DIA A DIA


No emprego podemos utilizar a variação diatópica, mas algumas vezes sempre tem alguém que não compreende algumas palavras ou te mesmo a melodia frasal. Um amigo Pernambucano contou-me, que trabalhou no Rio de Janeiro. Conta que quando chegou ao Rio teve um choque, diz que ficou observando a pronuncia das palavras, a melodia frasal, o sotaque. Enquanto observava estava tudo normal, mas quando se comunicava, ai era notória a variação diatópica fonética, principalmente quando pronuncia palavras com as silabas “ti” e “di”. No sudeste é perceptível às silabas “ti” e “di”, elas ficam com som de “tchi” e “dghi”, ou seja, com um chiado. Além disso, nomes de alguns alimentos eram diferentes como o jerimum (no nordeste), abobora (no sudeste); carne de charque (no nordeste), carne seca (no sudeste), etc.
Desse modo, não há problema na comunicação com variação diatópica no dia a dia no emprego, desde que haja um entendimento entre o enunciador e o enunciatário. O único esforço que terá, é a adaptação a “variação linguística”.
Já a variação diastrática que trata a variação na estratificação social, ou melhor, a diferença de linguagem que há nas camadas sociais. Essa variação pode atrapalhar no dia a dia no emprego. Imagine alguém confeccionando um memorando, um atestado, uma procuração, e não domina a escrita culta, ou escreve da maneira que fala, com gírias, com erros gramaticais, sem ter atenção a concordância, a coerência, a coesão, ou então diz, “chefe, fulano colocou a praca de vrido no quadro de aviso”. Ai está o problema em utilizar essa variação no emprego, o tipo de língua que será usado, se é formal, despreocupada ou vulgar.
 No dia a dia, entre amigos, no grupo social, entre colegas de trabalho, não há problemas, porque está sendo utilizada a língua falada, e nesse meio é mais flexível, desde que seja entendida a mensagem, podemos usar a língua despreocupada, informal, ou até mesmo, dependendo do grupo social a língua vulgar.










5 CONCLUSÃO                                                                                                                         


A língua como meio de integração social, requer a defesa de suas variações, sem ignorar a importância do domínio da norma linguística. Não se pode fechar os olhos à realidade linguística: a variação. As variações tem uma regularidade, não é um caos. A sociedade deve respeitar as variações linguísticas que o falante usa para interagir, mas também deve preocupar-se com a norma padrão, já que a maioria dos usuários não tem acesso a este tipo de linguagem.
Logo, não devemos ter a variação como uma linguagem errada e que deve ser extinta e discriminada do meio social e cultural. As variações linguísticas é uma atividade humana que nas representações de mundo que se constrói, revela aspectos históricos, sociais e culturais. É através dela que o ser humano organiza e dá forma às suas experiências.

 




REFERÊNCIAS


MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística: Domínios e Fronteiras. v.1.3ed. São Paulo: Ática, 2003.

FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística: I – Objetos Teóricos. 2ed. São Paulo:
Contexto, 2003.

LANCH, J. L. La sociolinguística y la dialectológía hispánica. In: –––. En torno a la sociolinguística. México, Instituto de Investigaciones Filológicas, 1978.

STRECKER, Heidi, Comunicação e Linguagem: Administração I – São Paulo: Person Prentice Hall, 2009.

SILVA NETO, S. Guia para estudos dialetológicos. Belém: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1957.

CUNHA, C. Uma política do idioma. Rio de Janeiro: São José, 1968.

BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Linguísticos. Ed. 16 Campinas, SP, Pontes Editores, 2008.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de Linguística e Gramática. 24. Ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 1996.